Dados do Trabalho

Título

CONTRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM CIRÚRGICA PARA A PREVENÇÃO DE HIPOTERMIA INADVERTIDA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Introdução

A hipotermia é um evento esperado no perioperatório, que acomete cerca de 60% a 90% dos pacientes submetidos ao procedimento anestésico-cirúrgico, a qual pode acarretar complicações relevantes. Dentre as complicações destaca-se a incidência de infecção do sítio cirúrgico (ISC), o aumento na demanda de oxigenação que acarreta distúrbios no sistema cardíaco e prejuízos da função plaquetária. Além das complicações fisiológicas, vale destacar o impacto na experiência do paciente.

Objetivo

Relatar as estratégias realizadas para a prevenção de hipotermia inadvertida ou não intencional no perioperatório, de modo a contribuir para qualidade, segurança e experiência do paciente.

Método

Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência, realizado em um hospital geral, privado da cidade de São Paulo, no período de 2020 a 2021. A estratégia foi planejada e implementada, no Centro Cirúrgico do hospital, que conta com 18 salas cirúrgicas, onde são realizadas em média 1.400 cirurgias/mês, atendendo pacientes de necessidades, especialidades, idade e complexidades diversas. Foram realizadas as seguintes ações: levantamento da literatura em busca da melhor da evidência científica, sessões educativas envolvendo a equipe de enfermagem, conscientização sobre a importância da manutenção a sala de cirurgia e a sala de recuperação pós-anestésica (RPA) com a temperatura confortável para o paciente, divulgação de informes através de Huddles diários, realização de benchmark externo, testagem/implantação de termômetro cutâneo com conexão ao monitor multiparamétrico, educação sobre o uso do termômetro, processos de auditoria interna, alinhamento com a equipe de engenharia sobre a manutenção da temperatura adequada da sala operatória e RPA em 22°C, aquecimento das mesas cirúrgicas com mantas térmicas, para melhorar o conforto do paciente durante o procedimento cirúrgico e implantação do termômetro esofágico descartável.

Discussão e Conclusões

No período entre os anos de 2020 e 2021, a equipe de enfermagem evidenciou redução de 85% nos casos de pacientes que chegaram à RPA com hipotermia. Em 2020, foram 322 pacientes hipotérmicos na RPA, ao passo que em 2021 esse número caiu para 49 pacientes. Adicionalmente, foi observada uma redução das ISC em 14,2% entre os anos de 2020 e 2021.

Conclusões

Esta estratégia demonstrou que as medidas implementadas melhoraram o processo para manutenção adequada da normotermia do paciente, impactando na redução das taxas de ISC. Da mesma forma, evidenciou-se maior comprometimento da equipe assistencial, com a busca pela melhoria contínua dos processos, com vistas à redução de danos, melhoria da qualidade assistencial e experiência do paciente.

Palavras-chaves

Hipotermia, Segurança do paciente cirúrgico, Infecção de Sítio Cirúrgico

Referências

Batista FP, da Mata VSF, Nascimento MF, Alves da SJA, Oliveira de OMS, Bezerra da SR. Hipotermia perioperatória: conhecimentos e intervenções da equipe de enfermagem. Nursing (São Paulo) Internet. 5 de agosto de 2020. Acessado: 11 de maio de 2023;23(264):3982-95. Disponível em: https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/701

Oliveira RF, Lima IP, Gabiatti D, Nascimento ASM, Fuganti CCT. Desenvolvimento de protocolo clínico assistencial para prevenção e tratamento da hipotermia perioperatória. REME - Rev Min Enferm. 2022. Acessado em 01/04/2023;26:e-1453. Disponível em:
https://www.revenf.bvs.br/pdf/reme/v26/1415-2762-reme-26-e-1453.pdf

Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2174/2017. Dispõe sobre a prática do ato anestésico e revoga a Resolução CFM nº 1802/2006. Resolução CFM Nº 2.272/2020, de 31 de Março de 2020. Revoga a Resolução CFM nº 1.950/2010 e estabelece critérios quanto à atuação de médicos na área craniomaxilofacial. [Acessado em 15/04/2023]; Disponível em:
https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2017/2174